quarta-feira, 9 de setembro de 2015

sonetinho prog

Estavas tão à vista, tão pertinho
Porém à crédito a perder de vista
Difícil acreditar-se, em ti, turista
Por vezes ainda me sinto teu ninho

A gente é tantos caminhos
Partidas partindo em tantos nós
Meu bem, há tantos destinos
Quanto países, línguas e lençóis

Alguém me pediu um poema, eu gelei
O tempo passou em nós, nós também, eu sei
E ainda passas no lápis que corta o lago

Ilógico, bobo, antigramático
Vai cantar um carinho, ouvir agüinha
Velar teu vestido sem que sejas minha.

Aracaju, 2015

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Diário

De dentro do mundinho
do meu quarto perfeito,
tive uma epifania

(Será que isso vai bastar
pra retomar minha vida?
Se é que eu a tive algum dia...)

Escrevê-la talvez importasse:
“Vivo de vício a vício
Desembarquei errado
Aqui não tenho sentido”

Falta uma dose de humor,
mas pôr em outras palavras,
mesmo que mais empáticas,
faria delas meras cúmplices
de mim mais um lamentador

Reconheço, nada me falta
Isso me envergonha mais
Então até vergonha tenho,
nessa vida que não é a minha!

- Simples, pegar essa vida e torná-la sua,
outros startam o jogo com muito menos...
(Seu sucesso em ‘auto-ajuda’ prenuncio!)

Na verdade, acho que tenho é medo
de terminar encontrando a mim mesmo
no lugar daquela pedra no meio do caminho.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Queda-livre

em queda-livre
sem saber o que o define
o solo à espera.

domingo, 26 de junho de 2011

a lenda do homem sem-cabeça

O homem sem-cabeça
Coitado, descabeçado
Nem dacapo mais, não dá
Caput, coisa do passado


Peito de mula incendiada
Isso é tudo que lhe resta
Aí está seu raciocínio
Seu caminho, seu destino
Quem lhe dera possuísse
uma cabeça de abóbora...


Deixou a cabeça em algum lugar
Já nem lhe serveria mais
Ó sina tão desastrada
não ter cabeça... pra nada.